Sobre a riqueza das nações

Continuando nossa narrativa sobre a história dos regimes economicos falaremos hoje de Adam Smith.


Nos anos de 1751 até 1754, Adam Smith, lecionou em uma universidade local na cidade de Glasgow. Foi nessa cidade que ele teve contato com comerciantes de tabaco. Estes comerciantes traziam para Smith, as informações sobre as colônias inglesas e sua política economica baseada no monopólio e com altas taxas de impostos.

As colônias americanas eram de longe as mais lucrativas, visto que compravam boa parte da manufatura Inglesa (por serem colônia, não poderiam comprar de outro fornecedor). Alguns empresários de certa influência chegaram ao cúmulo de exigir do congresso inglês que, proibisse por lei, as colônias americanas de produzirem os mesmos bens que lhe eram vendidos. Queriam, com isso, não perder o seu maior cliente. 

Era claro, para Adam Smith, que esta postura inglesa, acabaria por fomentar uma revolta entre os americanos. A solução para as colónias americanas seria fomentar o livre comércio, acabar com os pesados impostos aduaneiros e restrições comerciais e oferecer às colônias uma representação política no parlamento de Westmisnter. Nada disso aconteceu e os ingleses perderam suas colônias.

Exatamente por essa visão liberal – liberal demais para a época – Smith é visto como o pai da economia moderna e um dos precursores do liberalismo economico. É bom que se enteda aqui, liberalismo no sentido de liberdade para o comércio, sem muita intervenção governamental. 

Adam, Smith não criou o capitalismo, ou mesmo tentou impô-lo, ele tão somente desenvolveu uma investigação sobre a a natureza e a causa das riqueza das nações. Esta pesquisa fez com que ele fosse o primeiro a definir o capitalismo como algo nascido no seio da sociedade, sem idealização ou mesmo plano de implantação. Era algo que já existia, ele simplesmente constatou isso. Constatou também que as nações que baseavam sua economia no livre comércio eram as mais abastadas.

Para Smith, a riqueza das nações resultava da atuação de indivíduos que, movidos apenas pelos seu próprio interesse (self-interest como ele chamava), promoviam o desenvolvimento economico e a evolução e expansão tecnológica. 

"Não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu"auto-interesse". Em outras palavras, a concorrência entre os comerciantes fará com que eles busquem sempre oferecer o melhor produto pelo menor preço, ou então, perderão clientes, ficarão no prejuízo e chegarão à falência de forma muito rápida.

Smith enxergava a divisão do trabalho como algo evolucionário que propulsionaria a economia em conjunto com seu próprio desenvolvimento. Se cada um cuida apenas de uma parte da produção, terá mais condições de aperfeiçoamento naquela área, que, por sua vez, tornará o produto final algo muito melhor produzido. A respeito disso ele disse que “o mercador ou comerciante, movido apenas pelo seu próprio interesse egoísta (self-interest), é levado por uma mão invisível a promover algo que nunca fez parte do interesse dele: o bem-estar da sociedade.

Os burgueses (aqueles que moravam nos burgos, comerciantes, financistas, industriais) queriam acabar com os chamados direitos feudais e com o mercantilismo e viram na exposição de Adam Smith o embasamento para isso.

Não preciso expor aqui os malefícios causados pelo regime feudal (em decadência já na época), ou do mercantilismo. O desenvolvimento do livre comércio geraria um aumento nos salários, uma maior produção de manufaturas, maior facilidade de compra destes mesmos produtos, visto que a concorrência faria os preços despencarem, e geraria um maior tráfego nas exportações, resultante dos produtos que não fosse consumidos no mercado interno. 

Não foi por caridade que os burguese se tornaram adeptos do livre comércio, mas foi o livre comércio que fez com que as nações se desenvolvessem, gerassem riquezas, aumentasse a assistência médica – e consequentemente uma maior expectativa de vida, melhorasse a educação – e consequentemente diminuisse o número de analfabetos.

Não quero como isso dizer que nossa sociedade seja perfeita, estamos infinitamente longe disso, mas é fato que a qualidade de vida mudou muito desde o feudalismo.

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