A verdade sobre o Zeitgeist II – sobre a origem da religião



Hoje falaremos de um assunto que é a Base de tudo o que estamos discutindo aqui até o momento, a religião.

A palavra religião, segundo o Aurélio, quer dizer:

1. Crença na existência de uma força ou forças sobrenaturais, considerada(s) como criadora(s) do Universo, e que como tal deve(m) ser adorada(s) e obedecida(s).

2. A manifestação de tal crença por meio de doutrina e ritual próprios, que envolvem, em geral, preceitos éticos.

O fato é que a palavra vem do latim, religione, e significa religar. Dá a idéia de que em algum momento a humanidade perdeu o contato com o sagrado e necessita de ritos, símbolos e dogmas para retomar essa comunicação. Não vou entrar aqui no mérito da validade desse processo de re-ligação, mesmo porque, todos sabem qual é a minha postura quanto ao assunto. No entanto, vamos falar dos valores sociais que ela implica.

Não existe registro da existência de alguma civilização laica, ou seja, todas as civilizações que temos hoje, mesmo as mais remotamente no passado, mesmo aquelas que não sabemos quase nada, temos certeza que existia ao menos algum tipo de religião.


Das origens

Não sabemos ao certo quando a religião apareceu para a humanidade, podemos apenas supor. O que é certo é que ela foi o pilar de sustento e formação dos primeiros processos civilizatórios.




Entre as teses defendidas, uma das mais aceitas é a proposta por Freud em Totem e tabu e retomada em Moisés e o monoteísmo. Vejamos, segundo Freud, “Em épocas primevas o homem primitivo vivia em pequenas hordas” e cada horda (ou clã) era dominado pelo macho mais forte que possuía o domínio das fêmeas e expulsava os machos em idade de acasalamento das proximidades do seu território. Freud ressalta que provavelmente, nesse período, os seres “humanos” não tivessem ainda desenvolvido muito a capacidade de fala e que os fatos aqui propostos não aconteceram com uma única geração, mas com inúmeras delas, uma após outra.

Como o macho mais forte possuía o domínio sexual sobre todas as fêmeas do clã, ele era o pai de praticamente toda a horda. As fêmeas eram incorporadas ao grupo enquanto os machos eram expulsos na medida em que atingiam a maturidade sexual e começassem a concorrer com o pai pela posse das fêmeas.

A solução para os machos expulsos era reunirem-se em pequenas comunidades para poder conseguir fêmeas através do rapto. Quando algum deles obtinha sucesso, tornava-se o macho alfa e começava o processo todo de novo.

O parricídio


Freud sugere que o primeiro passo para a modificação de tudo isso foi a união dos irmãos contra o pai, que em grupo o atacaram e o devoraram cru. Freud continua, dizendo que após o parricídio muito tempo passou enquanto os irmãos disputavam a herança do pai. O sentimento de culpa, o medo que o mesmo acontecesse a eles e as incontroláveis forças da natureza fizeram aparecer o primeiro contrato social.

Trovões, tempestades e erupções vulcânicas, bem poderiam simbolizar o espírito vingativo do pai. Foi necessário introduzir uma metodologia de renúncia aos instintos mais primitivos ou, como diria Freud, “um reconhecimento das obrigações mútuas, a introdução de instituições definidas, pronunciadas invioláveis (sagradas), o que equivale dizer, os primórdios da moralidade e da justiça”.



Os indivíduos desistiram de ocupar a posição do pai, de possuir a mãe e as irmãs. E esse seria o nascimento do tabu do incesto e a obrigação do casamento entre pessoas de clãs diferentes e não mais da mesma família.

E a verdade

Apesar de muito bem elaborada essa tese de Freud foi retirada do seu processo imaginativo, não existe nenhuma prova de sua veracidade, mas ela serve para nos dá uma idéia do que teria sido o início de nossa civilização.

Por mais que fosse cômodo argumentar como se essa teoria fosse verdade, é sabido e notório de que tudo isso não passa de um simples simulacro.

A certeza dos céticos consiste única e exclusivamente em saber que não têm certeza de nada. O roqueiro baiano, Raul Seixas, costumava dizer: “que o mel é doce, é coisa de que me nego a afirmar, mas que parece doce, eu afirmo plenamente”, ou como diria Sócrates, “só sei que nada sei”.


E você amigo leitor, o que tem a dizer sobre isso? Deixe sua opinião, sua teoria, sua crítica.



Bibliografia:

FREUD, Sigmund. Edição Standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud – Volume XXII (1937-1939). Moisés e o monoteísmo. Esboço de psicanálise e outros trabalhos.
RENÉ, Girard. O bode expiatório – São Paulo: Paulus, 2004 – (Estudos antropológicos)

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