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O jornalismo ainda é necessário
O jornalismo é o tipo de profissão que será necessária enquanto houver sociedade.
Ouvi de um blogueiro outro dia que “depois da internet, o jornalismo ficou ultrapassado”. Não sei se entendi bem o que ele quis dizer, mas, certamente não concordo com o que ele disse.
O jornalismo surgiu como um suporte social. Não é a simples necessidade de saber, mas a urgência de ter uma informação de confiança, checada, explicada, traduzida.
Foto: Stock.XCHNG
Não vou entrar aqui na discussão sobre os erros jornalísticos. Eles existem. Como existem em qualquer profissão. Só que, diferente das outras profissões, o jornalista não costuma esconder os erros de seus colegas. Se um jornalista errou, isso é notícia. Certamente será publicado, examinado, explicitado à exaustão.
Os médicos erram. Isso não significa que não devemos consultá-los. Certamente eles errarão bem menos, em se tratando de saúde, do que outro profissional qualquer. Ou seja, procuramos um médico porque a chance de ele errar no diagnóstico é bem menor do que a do seu vizinho (a não ser que o seu vizinho seja médico).
Com os jornalistas não é diferente. Quando
lemos uma notícia publicada por um jornalista, sabemos que as chances de que a
informação esteja incorreta é bem menor do que aquela encontrada em blogs
aleatórios dos quais não se conhece a procedência.
CHECANDO
OS FATOS
Outra questão é que, os jornalistas costumam (ao menos esse
é o ideal) buscar as fontes primárias: entrevistar pessoas envolvidas,
especialistas no assunto. Os jornalistas confrotam e cruzam os dados. Sem falar
que qualquer barriga (notícia falsa que é divulgada por engano) pode abalar a
credibilidade do comunicador. E credibilidade é a maior ferramenta do
jornalista. Sem ela, não há jornalismo. E, em tese, o que o jornalista sabe
fazer é dar notícia.
Em seu artigo: Para que serve o jornalismo – publicado noObservatório da Imprensa –, o professor e jornalista, Fernando Evangelista diz
que a missão do jornalista é “mostrar aquilo que as vozes oficiais tentam
camuflar, fiscalizando o poder, seja lá qual for”.
Essa fiscalização só é possível quando o trabalho é sério,
organizado, respaldado por técnicas específicas da profissão e nisso podemos
incluir sujar os sapatos.
QUEM
SÃO OS PROFISSIONAIS
Não quero dizer com isso que, só aqueles que são formados em
comunicação estão aptos a exercer o ofício. Longe disso. O jornalismo não é
definido por um diploma, mas por um conjunto de ações e posturas sem as quais a
atividade (do jeito que a conhecemos) não seria possível.
Se você é o tipo de blogueiro que simplesmente cozinha as
matéria produzidas por outros veículos e/ou profissionais, sinto muito dizer:
não está exercendo a função de jornalista. Se você passa na delegacia, pega o
texto do B.O. (boletim de ocorrência) e o publica com algumas poucas
alterações, o mesmo vale para você.
No momento esse é, majoritariamente, o método dos blogueiros
nacionais. Se, por outro lado, você é o tipo que tenta ouvir todos os lados,
cruza os dados, gasta os sapatos correndo atrás da notícia, entrevista as
fontes primárias, confere os documentos, mesmo que você não tenha formação,
aquilo que você faz é jornalismo.
Algumas tecnologias ficaram obsoletas. É o caso do offset, dos
tipos móveis, da TV preto e branco. Isso não significa que a profissão de
jornalista ficou ultrapassada. As próprias técnicas vão se adaptando aos novos
tempos.
Comparando novamente com a medicina, o fato de um tratamento
para determinada doença ter sido abandonado depois que se descobriu uma maneira
melhor de curar não indica o fim da medicina, mas seu contínuo aperfeiçoamento.
De qualquer forma, é muito fácil para os novatos se
enxergarem como os herdeiros do mundo digital (e consequentemente de todos os processos de comunicação) sem perceber que para chegarmos a este estágio foi
necessário uma base sólida, lapidada e continuamente em evolução.
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