Ipiaú
Nós, os Tapuias!
Ipiaú era uma região habitada inicialmente pelos índios Tapuias. Tapuia é um termo histórico utilizado ao longo dos séculos no Brasil para designar uma classe de povos indígenas.
Originalmente dividiam-se os índios brasileiros em dois grandes grupos, um sendo os tupi-guaranis (tupinambás) e outro denominado por tapuias que habitavam regiões mais interiores.
Expliquemos melhor: Os gregos antigos em função do grande avanço que sua sociedade havia conquistado chegavam ao ufanismo de julgar inferior toda cultura que se diferenciasse. Por causa disso, todos os que não falavam grego soavam como “bar-bar-bar” por isso os gregos lhes davam o nome de bárbaros.
Algo semelhante acontecia aqui no Brasil pré-colônia, no período que os nativos ainda chamavam essa terra de Pindorama. Todos os que não pertenciam ao tronco linguistico Tupi-Guarani era chamados de Tapuias.
Há diversos entendimentos das origens do termo, mas em geral observa-se que seria de procedência tupi e teria significado semelhante a "forasteiro", "bárbaro", "aquele que não fala nossa língua", "inimigo"
“Tapuia significa bárbaro, inimigo. De taba – aldeia, e puir – fugir: os fugidos da aldeia” escreveu José de Alencar, no seu mais famoso livro, Iracema, de 1865.
Mas existem outras versões:
O termo Tapuio não é expressão designativa de uma etnia. É tão somente “Um vocábulo de origem tupi, corruptela de tapuy-ú – o gênio bárbaro comum, onde vive o gentio. [...] É um dos termos designificação mais vária no Brasil. No Brasil pré-cabraliano assim chamavam os tupis aos gentios inimigos, que, em geral, viviam no interior, na Tapuirama ou Tapuiretama – a região dos bárbaros ou dos tapuias.Tomislav R. Femenick, 2007
Mas, autores quinhentistas como Gabriel Soares de Sousa já utilizavam o termo tapuia contrastando os índios dessa estirpe com os tupi-guaranis (tupinambás, que na verdade, eram a junção entre os tupis e os guaranis). Escreveu sobre a origem dos Aimorés:
Descendem estes aimorés de outros gentios a que chamam tapuias, dos quais nos tempos de atrás se ausentaram certos casais, e foram-se para umas serras mui ásperas, fugindo a um desbarate, em que os puseram seus contrários, onde residiram muitos anos sem verem outra gente; e os que destes descenderam, vieram a perder a linguagem e fizeram outra nova que se não entende de nenhuma outra nação do gentio de todo este Estado do BrasilSoares de Sousa, 1971 [1587], 78-79
Os tupi-guaranis marcavam presença no litoral enquanto os tapuias predominavam no interior. Grupos tapuia incluem por exemplo os botocudos e muitos do nordeste do Brasil como os tarairus e cariris.
Hoje geralmente associa-se o termo ao tronco linguístico Macro-jê.
Somente pelos ido de 1913 surgiram os primeiros desbravadores na região, hoje, conhecida como Ipiaú.
O primeiro nome dado à cidade como todos já sabemos, foi Rapa-Tição, devido – segundo alguns – a uma briga entre duas mulheres, que utilizavam de uns pedaços de lenha em brasas como arma.
Segundo outros, esse nome era uma corruptela de Repartição, palavra estranha para o linguajar naqueles tempos. Tal repartição era um posto para arrecadação de tributos fiscais instalado em 1916, em Rio Novo, pela intendência de Camamu.
Em 1º de agosto de 1916, passou à categoria de Distrito, com o nome de Alfredo Martins e pertencente ao município de Camamu.
Em 1930, foi elevado a subprefeitura, com o nome de Rio Novo, nome que conservou até 30 de dezembro de 1943, quando passou a se chamar Ipiaú – “rio novo” em Tupi. O Decreto Lei n.º 512, de junho de 1945, criava a comarca de Ipiaú, tendo como seu primeiro juiz de Direito o Dr. Milton Costa, que chegou à cidade em 17 de janeiro de 1946. Em 1965, ganhou o titulo de Município Modelo da Bahia.
“O primeiro subprefeito foi Sr. Waldomiro Almeida Santos, quando Ipiaú ainda estava vinculado a Camamu. Quando subordinado a Jequié, teve como subprefeito o Sr. Osório Cordeiro, o Sr. Antônio Augusto Sá, foi o primeiro prefeito nomeado, mas o primeiro prefeito eleito pelo povo com o voto direto foi Sr. Leonel Dias de Andrade”.
J. Fagner
Fontes
CEPLAC. Cidades do cacau, Ilhéus, Bahia, 1982
OLIVEIRA, E. da S.; MORAIS, M. A de; MEDEIROS, E. D. de & MEDEIROS, M. de L. P. de. Tapuias. História do RN n@ WEB [On-line] (ufrn.br)
FEMENICK, Tomislav R.. Tapuios e Outros Índios. Gazeta do Oeste, Mossoró 28-01-2007; O Jornal de Hoje, Natal 29-01-2007
MONTEIRO, John M.. Tupis, Tapuias e Historiadores. Estudos de História Indígena e do Indigenismo. Departamento de Antropologia, IFCH-Unicamp, Campinas 2001
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