A astrologia e o Zeitgeist




Existe uma enorme diferença entre astrologia e astronomia. Há 2700 anos, porém, não era bem assim: elas nasceram juntas, quando o homem começou a observar o céu e percebeu ligações entre as posições dos astros e algumas de suas atividades. 

Eles regulavam o dia, a noite, as estações, e assim orientavam a caça, a pesca, a agricultura etc. E juntas elas continuaram pelo menos até o Renascimento (século XVI da nossa era). 

A partir daí, o estudo sistemático das propriedades físicas dos astros ficou com a Astronomia — e seus supostos poderes místicos com a Astrologia. 

Foram os caldeus, povo que habitava a região onde hoje é o Iraque, nos séculos VIII-VI a.C., os primeiros a imaginar que calculando as posições do Sol e da Lua seria possível prever o futuro. 

Os caldeus eram férteis em crendices desse tipo. Entretanto, foram eles que criaram as primeiras efemérides ou tábuas astronômicas, que mostravam a posição dos astros na eclíptica — o caminho aparente que o Sol percorre ao redor da Terra. Essa faixa foi dividida em doze partes iguais, de 30 graus, chamadas posteriormente casas. 

As casas foram relacionadas com doze constelações que aparecem na eclíptica. Até então, a Astrologia se preocupava somente com a previsão dos grandes eventos: guerras, enchentes, terremotos. Apenas quando essa atividade chegou à Grécia, por volta de 250 a.C., é que começaram as previsões de fatos pessoais — e já então eram os governantes os principais interessados em conhecer o futuro. 

Os gregos, tradicionalmente metódicos, passaram a classificar toda a Astrologia, e esta começou a se tornar uma coisa complicada. Eles criaram os doze signos, símbolos que receberam os mesmos nomes das constelações. 

Cada um desses signos representa características específicas da personalidade humana. Seu conjunto também se encontra na faixa da eclíptica, formando o "caminho dos animais", chamado zodíaco. 

As casas, por sua vez, passaram a representar uma área da vida — infância, família, trabalho, dinheiro, casamento, estudos etc. Cada uma, regida por um signo, definido pela constelação que esteja subindo no horizonte no momento em que a pessoa nasce. Essa constelação define o signo da primeira casa, que está relacionada com as características da personalidade. 

As outras seguem a ordem natural do zodíaco. O geógrafo e matemático Cláudio Ptolomeu (cerca de 90-160 d.C.), nascido em Alexandria, no Egito, estabeleceu que, além da Lua e do Sol, também Marte, Vênus, Mercúrio, Júpiter e Saturno — astros que podiam ser vistos em movimento a olho nu e por isso foram chamados planetas ou “estrelas errantes”, em grego — influenciavam o comportamento, conforme seu ponto no zodíaco. 

Os astrólogos gregos passaram a calcular a posição de cada astro de acordo com a hora e o local de nascimento da pessoa, e assim traçavam o seu mapa astral — uma espécie de retrato do céu visto da Terra naquele momento. 

A partir de 1510, o astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) começou a falar, muito timidamente, de uma descoberta que fizera: o Sol, e não a Terra, era o centro do Universo. Ou seja, o Sol não gira em torno da Terra; é esta que, junto com os demais planetas, gira em torno dele. 

É fácil entender a timidez de Copérnico: sua teoria era revolucionária e não foi à toa que a Igreja resistiu tenazmente mais de um século para aceitá-la como correta. O sistema heliocêntrico mudou tudo na cultura humana — filosofia, ciência, religião foram drasticamente afetadas.

Menos a Astrologia, que, apesar de pretender apoiar-se num meticuloso estudo das posições dos astros, não viu motivo para alterar os procedimentos dos seus sacerdotes. Hoje sabemos que também Copérnico estava errado: o Sol não é o centro do Universo, mas apenas uma pequena estrela — que viaja pelo espaço dentro de uma galáxia, que não é das maiores —, com seu séquito de nove (ou oito) planetas e respectivos satélites (e não cinco, como acreditava Ptolomeu). 

Apesar de todas essas novidades, os mapas astrais continuaram — e continuam até hoje — a ser feitos como se a Terra fosse o centro de tudo. “O mapa é feito em função de uma pessoa, não importa onde ela esteja. 

Para o astrônomo Irineu Varella, diretor do Planetário Municipal de São Paulo, “esta é apenas mais uma evidência do egocentrismo praticado por quem considera que os astros exercem alguma influência sobre os seres humanos”. Graças às mais moderna pesquisa da Astrofísica descobriu-se que há no Cosmo forças, partículas, subpartículas, agindo e reagindo entre si e sobre os astros. 

Mas nunca se detectou qualquer tipo de energia emanada dos planetas capaz de atravessar o espaço, penetrar na atmosfera terrestre e afetar as características de pessoas nascidas neste ou naquele instante. 

Mas, se não acharam necessário mudar métodos e conceitos, os astrólogos pelo menos trocaram de objetivos. Os caldeus, como vimos, se propunham a prever grandes acontecimentos, e os gregos pretenderam usar esse poder mágico ao nível da vida pessoal. Os horóscopos comuns, de jornais e revistas, orientam o comportamento com conselhos suficientemente vagos para se adaptarem a qualquer situação. 

Tudo isso é rejeitado pelos astrólogos mais modernos. Para eles, o que se pode observar no céu nada mais é do que uma representação do que ocorre no organismo. 

Ou seja, a nova Astrologia parte do pressuposto de que o macrocosmo se comporta de maneira semelhante ao microcosmo e, como não dá para traçar um mapa do universo interior, o jeito é partir para o Universo estelar. “O átomo é como o sistema solar, onde corpos se movem ao redor de um núcleo”, explica Boton, certamente desconhecendo o chamado modelo quântico do átomo, hoje aceito pela Física, no qual o elétron não gira, necessariamente, ao redor do núcleo. 

Para o astrônomo Varella, o postulado aceito pelos astrólogos está longe de constituir uma lei física: “É pura invenção”. 

A seu favor, a Astrologia tem algumas manifestações de simpatia. O psicólogo suíço Carl Jung (1875-1961), discípulo, primeiro, e depois antagonista de Sigmund Freud, chegou a levantar a hipótese de que o mapa astral pudesse ser uma leitura do inconsciente da pessoa. 

Nada conclusivo, portanto. Assim, qualquer esforço para aplicar a lógica ou o conhecimento racional para explicar os procedimentos da Astrologia esbarra numa questão básica — ela opera com a capacidade das pessoas de acreditarem, independentemente de provas, evidencias ou demonstrações. 

Bem, agora voltando ao nosso documentário, o equinócio de outono e primavera acontece em 21 de março e 23 de outubro no hemisfério sul, no hemisfério norte é o contrário.
O solstício de verão acontece no dia 21 de junho no hemisfério norte e no mesmo dia acontece o solstício de inverno no hemisfério sul.

O amigo leitor deve se lembrar que estávamos falando sobre o documentário Zeitgeist. Verifiquemos agora algumas de suas fontes: uma das fontes citadas é o maçom de 33º grau Man Ly P. Hall (5 x). As fontes que se seguem são ainda piores. 

O Zeitgeist é uma compilação de idéias que pouco tem de originais e uma analise de suas fontes e referências nos levam a ocultistas como Gerald Massey, um praticante de druidismo, e que colaborou com artigos no jornal “Lúcifer” de H.P. Blavatski fundadora da Teosofia, outra ocultista encontrada entre as referências, ao professor ateísta John Allegro, que publicou em 1970 um livro que sugeria que o nome Jesus era simplesmente um código usado por uma seita de viciados em cogumelos alucinógenos.

Usar fontes ocultistas é no mínimo suspeito.

Mas, voltemos ao nosso assunto.

Ascharya S. e os autores de Zeitgeist vêem semelhanças entre um painel de 3500 anos num templo de Luxor, o qual narraria “a Anunciação, a Imaculada Conceição (outra mancada, pois o termo não se refere a Jesus mas é o dogma da Igreja Romana referente ao nascimento sem pecado da Virgem) , o nascimento e a adoração a Hórus”, como a participação do deus Thot, no papel do anjo Gabriel, e Kneph fazendo as vezes do Espírito-Santo, mais a participação especial de três reis magos, trazendo presentes, lógico. 

Encaixe perfeito, não é mesmo? Claro que não! As inscrições, que dão detalhes que o painel não pode dar, desmentem cada palavra de Ascharya S. A egiptóloga deve saber que, na verdade, o painel não se refere a Hórus mas é uma descrição da concepção e do nascimento de Amenophis, um dos maiores faraós do Antigo Egito, e como sua mãe, antes de consumar seu casamento com seu marido, deitou-se com a divindade Amon, o qual ela reconheceu como um deus e cedeu a seus encantos. 

O texto, bastante erótico, diz que “Amon fez tudo o que quis com ela” e depois começaram a trocar uma daquelas “conversas de motel” típicas na qual ela o elogiava pelo tamanho do órgão genitão...

Nem vou comentar aqui da vitória de Hórus sobre Seth, é muito nojento. Espero que vocês mesmos descubram.

- Como eu já disse anteriormente os doze discípulos de Hórus: outra mentira deslavada de Zeitgeist! Nunca é dito nos mitos egípcios mais antigos que Hórus tivesse doze discípulos e que estes o seguiam praticando milagres.

 Na verdade, essa “evidencia” é tirado de representações do deus-falcão nas quais ele se encontra rodeado pelos doze signos zodiacais, visto que se trata de um deus-simbolico da religião de símbolos astrológicos tão populares na Antiguidade.

Chega de Hórus, falemos sobre Krishna.

Krishna significa em sânscrito “negro”,por causa do tom de pele (azul-escuro) atribuído a ele nos mitos indianos. “Nem de longe tem um significado como Cristo ou Messias, que significam “Ungidos”, Escolhidos”, etc...

Não há relato de nascimento virginal de Krishna mesmo porque é declarado que seus pais geraram sete outros filhos antes dele (!). Sua mãe, Devaki, era casada com Vasudeva, um nobre nos tribunais da localidade de Mathura, e não um camponês ou carpinteiro como os críticos querem fazer as pessoas crerem; obviamente que a idéia de que o cristianismo tirou a concepção virginal de Jesus desse e de outros mitos é falha em sua essência.

Sobre a morte e ressurreição de Krishna, não há referência alguma sobre uma morte por crucificação, mas por um infeliz acidente numa caçada, na qual um caçador o alvejou por engano; nunca é dito que Krishna, ao contrario de Jesus, soubesse seu destino, embora estivesse meditando e ele sequer chegou ser enterrado segundo o mito, mas ressuscitou imediatamente;

Acho que não é necessário falar de Dionísio, o deus grego do vinho e das orgias sexuais. Não existe nenhuma similaridade com Jesus, essa foi uma das maiores apelações do documentário.

Falemos de Attis, ele não ensinou nada que tenha a ver com Cristo e, como os outros pretensos salvadores, nunca foi crucificado, nem ressuscitou ao terceiro dia. Não se encontra nesses mitos nenhum indício do sacrifício expiatório.

Zeitgeist está correto sobre as referencias astrológicas sobre o ponto vernal, mas na realidade, isso não se aplica especificamente ao Cristo (por mais que isso me fosse conveniente).

Quanto às referencias astrológicas na Bíblia, elas apontam justamente para o contrario do que os autores de Zeitgeist dizem, numa franca oposição do deus bíblico aos poderes e forças do cosmos que tem tentado moldar o pensamento humano através das ciências, antes ocultas, mas agora nem tanto, e da religião comum a tantos povos antigos que sempre divinizaram os astros, emprestando-lhes personalidades, e rendendo-lhes cultos de fertilidade que quase sempre descambavam para a imoralidade e licenciosidade. 

Foi assim no Egito, em Roma, na Grécia, na Babilônia, na Assíria, na Europa céltica, entre maias, astecas, etc, etc... Se dermos uma olhada bem atenta às religiões mitológicas das grandes civilizações constataremos o fato de que se trata da mesmíssima religião. 

Há variação nos nomes dos deuses e na forma externa dos cultos, mas o cerne é impressionantemente o mesmo, ou seja, mitos baseados no culto dos astros, onde cada planeta e signo do zodíaco é representado por uma divindade.

Mas, por mais que eu odeie fazer isso vejamos Deuteronômio 4:19 (“e não levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus, e sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas àqueles que o SENHOR, teu Deus, repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus”), ou seja, não era permitido o cultivo da astrologia como prática entre o judaísmo.

Há uma passagem em Jó 31, versos 26 a 28, que diz: ”se olhei para o sol, quando resplandecia, ou para a lua, que caminhava esplendente; e o meu coração se deixou enganar em oculto, e beijos lhes atirei com a mão; também isto seria delito à punição de juízes; pois assim negaria eu ao Deus lá de cima”.

A astrologia não era uma prática hebraica.

Em seu livro de 1976, O 12º Planeta, Zecharia Sitchin, especialista em línguas antigas e Antigo Testamento, e que já foi colaborador da NASA, examina a fundo evidencias de tecnologia nas mais antigas civilizações. Longe de ser um especulador sagaz como Erick Von Daniken, Sitchin domina o assunto como poucos.

Ele conta que Hiparco, astrônomo que viveu na Ásia Menor por volta do 2º século a.C., foi o primeiro a descrever o “deslocamento do signo solsticial e equinocial”, o fenômeno hoje chamado Precessão dos Equinócios”.

A precessão ocorre porque entre duas aparições sobre o ponto vernal, o ponto onde o Sol se levanta no equinócio de primavera, decorrem 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 49,6 segundos enquanto que a Terra perfaz um volta ao redor do Sol em 365 dias, 6 horas, 9 minutos e 9,6 segundos. 

Essa diferença ínfima de 20 minutos e 20 segundos por ano faz com que o ponto vernal deslize, por conta da oscilação existente na rotação terrestre sobre seu eixo, de uma casa zodiacal ou constelação para outra só que de forma retrograda ao movimento normal do Sol nas casas zodiacais durante o ano. 

Esse deslocamento se consuma no prazo de 2160 anos.

Esse conhecimento permaneceu perdido, pois se fazia inútil perante a desinformação reinante causada pela aceitação da concepção ptolomaica de que a Terra ocupava o centro do universo, que reinou durante 1300 anos até surgir Copérnico.

Copérnico não fez outra coisa senão retomar cálculos e estudos de gente como Hiparco e Aristarco de Samos, que no século três a.C. já havia sugerido o heliocentrismo. 

A escola ptolomaica venceu em seu tempo e prevaleceu por uma era, mas não era a única e, é interessante notar, que astrônomos gregos de 500 a.C. pareciam saber mais sobre o sistema solar que seus sucessores. 

O que prova que as épocas mais modernas nem sempre trazem evolução, e que nem sempre o pensamento de outros tempos estava errado.

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