Estudantes de jornalismo precisam estar bem informados

Para quem busca trabalhar num jornal como a Folha de S. Paulo, a jornalista Ana Estela ensina: “é preciso ter certas características como gostar de jornal, ter paixão pelo que faz e estar sempre informado. Se não for o seu caso, mudar de curso é sempre uma opção”.

: Para quem busca trabalhar num jornal como a Folha de S. Paulo, a jornalista Ana Estela ensina: “é preciso ter certas características como gostar de jornal, ter paixão pelo que faz e estar sempre informado. Se não for o seu caso, mudar de curso é sempre uma opção”.



J. Fagner

“O maior problema do estudante de jornalismo hoje é a falta de informação”, afirmou Ana Estela Pinto, em entrevista coletiva para um grupo de estudantes da Escola de comunicação e Arte (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), realizada no dia 13 de agosto.

Ana Estela é editora do caderno de economia da Folha de S. Paulo, e coordenou por 15 anos o programa de treinamento do mesmo jornal. Para ela, a leitura do impresso, além de informar, dá dimensão do valor hierárquico da notícia. Sem esse exercício diário fica difícil para o estudante (e futuro profissional) ter ideia daquilo que é realmente importante. “A internet é um grande banco de dados, funcionando muito bem para quem busca por uma informação específica, mas, ainda não é muito boa para hierarquizar [a notícia]”, reforça.

Por isso, é fundamental para o jornalista (ou aspirante), gostar de ler jornal, ter paixão pelo que faz, e possuir uma sólida base teórica. “A prática sozinha pode ser prejudicial”, afirmou. Apesar de sua posição de que o diploma não é imprescindível, ela admite que a faculdade pode ser benéfica em muitos pontos.

Ana Estela falou ainda das dificuldades em fazer um jornal diário. Contou do exercício de realizar um caderno de economia voltado para um público heterogêneo. “Às vezes não conseguimos fazer um bom trabalho. É culpa da má formação da minha editoria”, brinca.

Jornalismo é decidir o que será publicado e o que será jogado fora, disse Ana Estela.Cuidadosa, ela evita fazer previsões. Diz não saber o que vai acontecer ao jornalismo impresso, mas acredita que esse não é um formato superado. Ana explicou que a publicidade na internet ainda “não cobre os custos da produção jornalística”, e que, por esse motivo, a Folha tem buscado se integrar em todas as plataformas possíveis. Afinal, independentemente da plataforma onde é publicado, o jornalismo sempre será necessário.

Sobre a compra do Washington Post pelo milionário Jeff Bezos, Ana acredita que essa seja uma prova de que o jornalismo, como instituição, ainda tem algum valor. “O Bezos poderia ter comprado qualquer coisa. Uma fábrica de cerveja dá uma lucratividade de 40%”, ilustrou.

Ana Estela terminou questionando aos futuros jornalistas: “Durante quanto tempo o jornalismo que fazemos hoje continuará sendo relevante?”.

Essa talvez seja a grande questão com a qual devemos nos preocupar.

Imagem: Banco de imagens da Folha/ Uol

Você também pode gostar

0 comentários