O jornalismo e o nosso contínuo aperfeiçoamento



“Se um grão de areia já consegue fazer com que as coisas andem de uma maneira diferente, o que diria então se a praia inteira se manifestasse?”, pergunta Leonardo Sakamoto ao final da sua crônica ‘A comunicação social e a importância da ação de cada um de nós diante da realidade que nos cerca’.


Sakamoto nos remete a um desejo da primeira infância, quando nos decidimos pelo ofício de comunicador acreditando, em nossa bela inocência, que conseguiremos mudar o mundo com as nossas denúncias. Sakamoto garante continuar com esse sonho.


O tempo passa e, muitos de nós, pressionados por razões sócio narcisistas, acabam seguindo o caminho do alpinismo social. Utilizando de nossa suposta influência para fomentar status, acumular dinheiro e desenvolver nossa “glória pessoal”.


O prof. Dr. Gerson Moreira Lima costumava brincar, em suas aulas, dizendo que “o jornalista quando quer se matar, se joga de cima do seu próprio ego”. Seu deboche faz referência direta àquilo que Sakamoto tenta nos lembrar. Nossa função é, acima de tudo, ajudar aos menos favorecidos.


Jornalismo é isso: denunciar o que está errado, contar histórias inspiradoras e que sirvam de exemplo (mas, que sejam reais, nunca idealizadas), em resumo: responsabilidade social. Se for além disso se torna outra coisa. Pode ser publicidade, pode ser relações públicas – ambas profissões dignas – mas, diferentes do jornalismo em sua essência.


Sakamoto adjetiva - “crianças desnutridas, com doenças estupidamente resistentes à falta de saneamento básico” – para mostrar que o jornalismo não pode ser apenas a técnica fria do lead que se aprende na faculdade.


Seja no Timor Leste denunciando a tortura, em Angola contando histórias sobre a agricultura de subsistência, ou no Brasil falando da desigualdade social, o jornalismo é o ofício da resistência, dos inconformados, daqueles que enxergam um pouco além do seu umbigo. Sakamoto alega fugir da utopia, mas a utopia é necessária. É ela que nos motiva no estado de constante insatisfação e busca pelo aperfeiçoamento contínuo.



Foto: Banco de imagem do Sxc.hu

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