Seja intelectualmente honesto

Talvez você não tenha gostado do resultado das manifestações do dia 16 de agosto. Não tem problema, estamos numa democracia. O que não dá pra negar é que foi uma manifestação pacífica, sem brigas, sem destruições, sem balas de borracha.

Você pode alegar que houve excessos, que teve gente pedindo intervenção militar, que algumas pessoas eram analfabetos políticos. Não vou discordar. Tudo isso é verdade. No entanto, desvios podem ser comuns numa manifestação com 135 mil pessoas (segundo o Data Folha) só na Avenida Paulista. 


Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Centenas de milhares de pessoas trajando verde e amarelo reunidas ao lado do Masp em protesto contra a corrupção e contra o governo do PT


Você se lembra das manifestações pelos vinte centavos? (Lembre aqui) Se lembra dos Black Blocs? (Leia aqui) Se lembra do que ouvia em todo noticiário televisivo? Era sempre assim: A manifestação é pacífica, mas uma minoria...

Pois é! Era admissível que uma minoria quebrasse patrimônio público e privado, ou que agredissem policiais e jornalistas. Sim, porque era apenas uma minoria. E toda a chamada “mídia golpista” fazia questão de lembrar a todo momento que aquilo era comportamento de uma minoria.

A manifestação do dia 16 de agosto não teve quebra-quebra, não houve destruição. Foi pacífico, foi democrático. Você pode discordar das ideias defendidas ali, você pode achar aquela manifestação desnecessária, você pode até ter feito parte da manifestação no Instituto Lula (aqui). Não há problemas, essa é a essência da democracia. O que eu acho que é desonestidade intelectual – e portanto, desonestidade com você mesmo – é querer reduzir aquela heterogeneidade numa simplificação grosseira do capitalista malvado.

As diferenças entre os excessos das manifestações pelos vinte centavos e as do dia 16 são gritantes. Se você quer discordar, ao menos elabore melhor seus argumentos e pare de mentir para si mesmo.

José Fagner Alves Santos

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