A tecnologia deve ser usada como ferramenta jornalística

O uso das novas tecnologias na elaboração de matérias tem sido muito criticado por jornalistas da velha guarda. Essa crítica tem fundamento, mas se bem usada, a tecnologia pode trazer resultados muito satisfatórios.


Muito se tem falado a respeito do uso das novas tecnologias para elaboração de reportagens. Existem aqueles que usam o Facebook para realizar entrevistas (ou o Twitter), mas refiro-me aqui à coisas mais sérias.

imagem: ProPublica
Montagem com a fotografia de 12 médicos.


Continuo achando que o jornalista tem que gastar os sapatos e que entrevistas via redes sociais não possuem muita credibilidade. No entanto, existe o bom uso da tecnologia, e é sobre esse lado que gostaria de compartilhar.

O site ProPublica lançou em 2010, uma série de reportagens intitulada “Dollars for Docs”.
A referida série de reportagens mostrava que os médicos norte-americanos recebiam bonificação da indústria farmacêutica para receitar determinados tipos de remédios.

Isso não é novidade para ninguém, eu sei. Inclusive o fato já havia sido noticiado antes, mas nunca de forma tão abrangente.

Uma das novidades trazidas por essa série de reportagens era um banco de dados montado a partir de informações que a industria farmacêutica é obrigada a publicar.

Os dados foram investigados e interpretados antes da publicação (óbvio), de modo que as informações fizessem sentido e contassem uma história.

A reportagem “Dollars for Docs” tornou-se um marco do jornalismo de dados. Uma nova forma de apurar os fatos.

Boa parte das informações contidas na série de matérias era pública. A equipe responsável pela reportagem foi a primeira a organizar essas informações de modo que fosse útil e de fácil compreensão.

No momento em que escrevo esse texto, pelo menos 125 outros veículos publicaram reportagens sobre o assunto, usando como base o banco de dados desenvolvido pela ProPublica.

Usuários comuns (não jornalistas) podem acessar e fazer pesquisas nesse banco de dados. Basta digitar o nome do médico. O sistema gera um relatório personalizado.

Em resumo, a ProPublica não só lançou sua série de reportagens como, também, desenvolveu um banco de dados que serviu de ferramentas para outros veículos, sem falar do cidadão comum.

Esse é um bom exemplo do uso da tecnologia na criação de reportagens.


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