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Os custos do jornalismo
O jornalismo é trabalhoso e precisa de alguém que banque os custos de produção ou perderá em qualidade.
Falar de produção jornalística é falar de custo. O repórter
gasta quando liga para a fonte marcando uma entrevista, pega um táxi até o
local, agenda um almoço para conseguir aquela exclusiva, ou precisa fazer uma
viagem mais longa (muitas vezes indo além dos limites do município em que mora),
tendo que se hospedar no período de apuração da matéria, etc, etc.
Banco de imagens do Stock.xchng
Esses são apenas os custos mais evidentes de uma reportagem. É bom lembrar que os gastos são na apuração em si. Não estou falando dos valores pagos à gráfica, ou qualquer outra forma de veícular a notícia. Em resumo, para se fazer jornalismo, mesmo no online, é preciso gastar. E se gasta muito.
Em maio de 2011 o site ProPublica venceu o Pulitzer (Foi o
primeiro Pulitzer conquistado por um veículo online). A reportagem era sobre um
hospital em Nova Orleans que passava por dificuldades depois que o furacão
Katrina destruiu toda aquela região.
Os médicos daquele hospital precisaram tomar uma série de
medidas emergenciais. E foram essas medidas o mote da reportagem. A matéria, de
Sheri Fink, levou dois anos para ser concluída e teve um gasto de 350 mil
dólares.
Toda reportagem que envolve questões delicadas (como a
reportagem em questão) passa (ou deveria passar) por uma verificação jurídica
para evitar processos. Isso também encarece a reportagem.
A reportagem foi publicada na revista do New York Times. Advogados dos dois veículos analisaram o texto
antes de publicar. Gerry Marzorati, editor da revista dominical do New York
Times disse, em entrevista para um dossiê produzido pela Universidade Columbia em Nova York, que a
edição da matéria levou quase um ano.
É esse jornalismo que, aos poucos, vai morrendo por falta de
custos. É trabalhoso (quase artesanal), é caro (muito além do que um jornalista
solitário poderia bancar) e é chato (não é tão fácil transformar esse tipo de
material em meme das redes sociais). A grande questão é que, esse tipo de
jornalismo é necessário.
Não vou começar com o antigo discurso romântico sobre a
importância do jornalismo, mas gostaria pensássemos nisso antes de nos negar a
pagar para ter acesso ao conteúdo de um site jornalístico.
No passado a publicidade e os classificados bancavam 80% dos
custos de produção. As coisas mudaram, mas os custos continuam. Se não for o
leitor a pagar pela produção jornalística, quem será?
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