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A publicidade se desenvolveu bem mais que o jornalismo
O engajamento das redes sociais, ao menos no tocante ao Brasil, é muito mais forte na produção publicitária do que no jornalismo.
Vistoriando a blogosfera brasileira, e a
portuguesa também, temos a impressão que apenas dois tipos de blogs fazem
sucesso, considerando os números gerais: os blogs de humor e aqueles que
ensinam a ganhar dinheiro da internet.
Banco de imagens do Stock.xchng
Antes que as pedradas comecem é preciso
avisar que não sou contra nenhum dos
formatos. Desde que o trabalho seja bem feito, não há problema nenhum em
rir um pouco, muito menos em aprender sobre monetização.
Mas, como consumidor de informação, sinto
a necessidade de uma melhor cobertura sobre outros nichos. Existem os blogs que
replicam notícias, é verdade, mas eu gostaria de ver
blogs com artigos que não
fossem apenas cozinha de texto.
Vou tentar exemplificar aquilo que quero dizer com um caso
real:
No ano de 2005, o chefe da polícia de
Londres, Ian Blair, em entrevista coletiva, disse que o incidente ocorrido no
metrô, horas antes, havia sido apenas uma pane elétrica. Essa foi a informação
que circulou na TV e no rádio. Alguns minutos se passaram, depois da declaração
de Blair, e internautas começaram a postar, nas redes sociais, fotografias de
um ônibus destroçado na Tavistock Square.
As imagens eram analisadas em tempo real
pelos usuários das redes sociais e de blogs. Centenas de posts, em inúmeros
blogs, pressionavam por uma resposta mais condizente com aquelas evidências.
Cada post foi replicado milhares de vezes
por meio das redes sociais. Cada usuário contradizia e pressionava Ian Blair,
repassando a informação para seus amigos e familiares.
Blair, contrariando sua assessoria de
imprensa, deu outra coletiva num espaço inferior a duas horas. Reconheceu publicamente que o que ocorreu
foi um atentado a bomba e que, a polícia não tinha maiores informações sobre o
caso. Prometeu que manteria o povo informado à medida que novas informações
fossem surgindo.
O que ficou claro, naquele episódio, foi
que, a informação repassada pela TV ou rádio, já não possuía o impacto de
outrora. As pessoas tinham outros meios para se informar.
A participação dos blogs e das redes
sociais foi determinante para que a versão oficial não se consolidasse.
Isso ocorreu no longíquo ano de 2005. Até
o momento não vi nada parecido acontecer com a blogosfera brasileira. Não quero dizer com isso que todo blog
deveria fazer jornalismo. Longe de mim. A questão é que o serviço de utilidade
pública, aqui no Brasil, continua sendo feito, majoritariamente, pela grande
mídia.
Falamos muito sobre as mudanças de
paradigma, mas parece que a única coisa que está mudando efetivamente é a
plataforma. O jornalismo ainda tem que descobrir como bancar seus custos, mas a
blogosfera brasileira ainda precisa se profissionalizar.
Os blogs facilitaram o processo de troca de informações.
Imagine que em cada cidade houvesse um grupo que fizesse a cobertura dos fatos
do dia e publicasse num blog. Em pouco tempo tais blogs poderiam tornar-se
referências em suas respectivas regiões. Claro que estou sendo simplista, claro que existe muito mais
coisa envolvida, mas a ideia não é inválida. Basta um pouco de força de
vontade.
E você? Conhece alguém que esteja fazendo um trabalho
semelhante? Compartilhe conosco.
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