Jornalismo literário
reportagem
O forró que chegou às universidades
O baiano Domingos Evangelista de Oliveira está à frente da mais famosa casa de espetáculo de música nordestina em Santos. Ele garante que não são apenas nordestinos que frequentam o local.
Entre os muitos mitos propagados sobre a cultura nordestina, está aquele que diz que a palavra forró é uma corruptela da expressão inglesa for all (para todos). Alguns estudiosos garantem que, na verdade, forró é uma abreviação de forrobodó.
A única coisa da qual se tem certeza é de que o forró é um estilo em constante mutação desde as suas origens. Durante muito tempo, ele foi visto como um ritmo dirigido aos subletrados, a uma sub-raça. Tudo associado ao típico preconceito que o País cultiva aos pardos desde a época da colonização. Claro, Luiz Gonzaga espalhou pelo Brasil sua mensagem de alegria, cantou suas lamentações e mostrou à nação um Nordeste que a pátria-mãe fingia não ver.
Depois de sua morte, no entanto, nem mesmo Dominguinhos, seu sucessor, alcançou tamanha repercussão.
Tudo parecia indicar que o forró continuaria apenas como música folclórica regional ou limitada a pequenos nichos e comunidades de migrantes nos grandes centros urbanos.
Até que em meados dos anos 1990 surge o tecnoforró. A nova geração de músicos, que havia crescido ouvindo Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Elba Ramalho e tantos outros, mesclava o som da sanfona, do triângulo e da zabumba com equipamentos eletrônicos. A mistura entre a música eletrônica e o forró soou, para os puristas, de modo não muito agradável.
O novo formato acabou caindo no gosto popular subsidiado pela veiculação em trilha sonora de novelas e as apresentações ao vivo em programas de auditório.
Para retirar o estigma de música de subletrados, “criou-se” um novo rótulo, o forró universitário. A moda pegou e os estabelecimentos que tocavam forró se espalharam por todo o Brasil.
Muitos pontos de espetáculo que já existiam foram se adaptando aos novos tempos. Um exemplo disso é casa de forró do músico Mingo Show. Esse é o nome artístico de Domingos Evangelista de Oliveira, baiano da cidade de Porto Seguro. O ponto, que já era uma casa de forró havia 50 anos e se chamava Broto do Rojão, foi denominado, posteriormente, Cantinho Nordestino de Miguel da Capela. Em 20 de setembro de 1982, Oliveira reinaugurou o espaço com o nome de Mingo Show.
A única coisa da qual se tem certeza é de que o forró é um estilo em constante mutação desde as suas origens. Durante muito tempo, ele foi visto como um ritmo dirigido aos subletrados, a uma sub-raça. Tudo associado ao típico preconceito que o País cultiva aos pardos desde a época da colonização. Claro, Luiz Gonzaga espalhou pelo Brasil sua mensagem de alegria, cantou suas lamentações e mostrou à nação um Nordeste que a pátria-mãe fingia não ver.
Depois de sua morte, no entanto, nem mesmo Dominguinhos, seu sucessor, alcançou tamanha repercussão.
Tudo parecia indicar que o forró continuaria apenas como música folclórica regional ou limitada a pequenos nichos e comunidades de migrantes nos grandes centros urbanos.
Até que em meados dos anos 1990 surge o tecnoforró. A nova geração de músicos, que havia crescido ouvindo Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Elba Ramalho e tantos outros, mesclava o som da sanfona, do triângulo e da zabumba com equipamentos eletrônicos. A mistura entre a música eletrônica e o forró soou, para os puristas, de modo não muito agradável.
O novo formato acabou caindo no gosto popular subsidiado pela veiculação em trilha sonora de novelas e as apresentações ao vivo em programas de auditório.
Para retirar o estigma de música de subletrados, “criou-se” um novo rótulo, o forró universitário. A moda pegou e os estabelecimentos que tocavam forró se espalharam por todo o Brasil.
Muitos pontos de espetáculo que já existiam foram se adaptando aos novos tempos. Um exemplo disso é casa de forró do músico Mingo Show. Esse é o nome artístico de Domingos Evangelista de Oliveira, baiano da cidade de Porto Seguro. O ponto, que já era uma casa de forró havia 50 anos e se chamava Broto do Rojão, foi denominado, posteriormente, Cantinho Nordestino de Miguel da Capela. Em 20 de setembro de 1982, Oliveira reinaugurou o espaço com o nome de Mingo Show.
O público-alvo sempre foi o dos imigrantes nordestinos ou, como ele mesmo define, “o pessoal do Norte e Nordeste”. Quem frequenta a casa afirma que está sempre cheia. Mingo, como é conhecido por todos, explica que o Mingo Show tem lotação para 800 pessoas. “Tem gente que fica do lado de fora por falta de espaço”, diz Paula dos Santos, manicure que frequenta o espaço “sempre que possível”.
O Mingo Show oferece apresentações de música sertaneja, touro mecânico (esporadicamente), mas “o forró não pode faltar”, explica Mingo.
Débora Castro, natural de São Bernardo, residente em Santos há 20 anos, explica que as pessoas “vão ao Mingo Show querendo forró”. Sendo assim, mesmo quando a apresentação é de música sertaneja ou dance “nós tocamos pelo menos meia hora de forró”, explica Mingo.
É comum ver jovens sem nenhum vínculo com o Nordeste frequentando o ambiente. Talvez uma amostra de que o preconceito contra o estilo vem diminuindo. “Hoje tem duas novelas da [rede] Globo que tocam forró”, explica Mingo. Mas, segundo ele, o preconceito já vem diminuindo muito antes disso.
Com 800 pessoas aglutinadas num único ambiente é impossível não pensar na segurança.
Depois de algumas doses sempre tem alguém que se excede.
Lucimeire dos Santos, doméstica, também frequentadora do espaço diz que é comum ver algum segurança à paisana contendo alguém que bebeu demais. “O problema do espaço é que muitas pessoas bebem além do limite”, reclama Débora.
Apresentações de repentistas – como a dupla Caju e Castanha – não atraem grande público, segundo Mingo, mas “é importante trazer”, explica.
O Mingo Show oferece apresentações de música sertaneja, touro mecânico (esporadicamente), mas “o forró não pode faltar”, explica Mingo.
Débora Castro, natural de São Bernardo, residente em Santos há 20 anos, explica que as pessoas “vão ao Mingo Show querendo forró”. Sendo assim, mesmo quando a apresentação é de música sertaneja ou dance “nós tocamos pelo menos meia hora de forró”, explica Mingo.
É comum ver jovens sem nenhum vínculo com o Nordeste frequentando o ambiente. Talvez uma amostra de que o preconceito contra o estilo vem diminuindo. “Hoje tem duas novelas da [rede] Globo que tocam forró”, explica Mingo. Mas, segundo ele, o preconceito já vem diminuindo muito antes disso.
Com 800 pessoas aglutinadas num único ambiente é impossível não pensar na segurança.
Depois de algumas doses sempre tem alguém que se excede.
Lucimeire dos Santos, doméstica, também frequentadora do espaço diz que é comum ver algum segurança à paisana contendo alguém que bebeu demais. “O problema do espaço é que muitas pessoas bebem além do limite”, reclama Débora.
Apresentações de repentistas – como a dupla Caju e Castanha – não atraem grande público, segundo Mingo, mas “é importante trazer”, explica.
Hoje o público está mais interessado em shows de bandas como Saia Rodada, Calcinha Preta, Cavaleiros do Forró. O velho Luiz Gonzaga e seu forró de raiz vão sendo, gradativamente, substituídos pelas novas gerações que aos poucos transformam o forró num estilo de música que chega, finalmente, às universidades.
Texto e fotos: José Fagner
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