Jornalistas e o argumentum ad ignorantiam

A maior arma do jornalista é a sua credibilidade. Alegar ignorância para não aceitar um argumento é demonstração de burrice e desonestidade. Se o jornalista desconhece sua obrigação é apurar.


Imagem: miguel ugalde / sxc.hu
Desinformação é típico dos desonestos.

Na abertura da Copa do Mundo, no próximo dia 12 de junho de 2014, o cientista brasileiro, Miguel Nicolelis, apresentará o resultado de seu projeto. Nicolelis fará um garoto tetraplégico – usando um exoesqueleto – andar e dar o pontapé inicial do evento.

O projeto vem sendo elaborado há alguns anos. Tomei consciência por conta de uma reportagem publicada na revista Piauí. A matéria, assinada por Bernardo Esteves, traçava um perfil de Nicolelis e dos obstáculos no desenvolvimento da pesquisa (leia aqui).


Leio na edição deste mês, da mesma Piauí, que o projeto precisou ser modificado e adaptado para cumprir prazos (leia aqui). A minha primeira reação foi lembrar de uma conversa que tive com uma colega há dois anos. Na discussão eu tentei contar à colega sobre a pesquisa de Nicolelis. Ela me disse que eu deveria estar mentindo porque a irmã dela “é fisioterapeuta" e ela saberia "se alguma pesquisa assim estivesse sendo realizada”.

Sim, a minha colega apelava para o argumentum ad ignorantiam, ou seja, se fosse verdade ela teria conhecimento sobre o assunto. Naquela noite acabei me alterando, falei alto e fui para casa um pouco aborrecido. Minha colega demonstrou no dia seguinte que também havia ficado chateada.

Não foi a primeira vez que ela fez aquilo, nem foi a última. O pior é que esse comportamento sempre foi corriqueiro entre os jornalistas que queriam me vencer no debate (como se não fosse mais fácil simplesmente argumentar).

Esse tipo de tática não é só burra, ela é, também, desonesta.

Precisamos, imediatamente, amadurecer nossas técnicas de debate. Afinal, nosso maior trunfo é a credibilidade.

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