Passado o alvoroço da manifestação do dia 15, leio em alguns blogs, no Facebook e no Twitter, coisas espantosas. Entre elas, a ideia de que o evento teria sido orquestrado pela Rede Globo que, segundo os teóricos da conspiração, estaria manipulando todos os manifestantes.


Em resumo: se o indivíduo está se indignando contra algo que eu defendo, ele só pode ser um manipulado. Talvez fosse melhor se cada pessoa tivesse recebido 30 reais para comparecer à manifestação (veja aqui e aqui). Lastimável.

A outra argumentação é que a manifestação não foi pacífica por conta do que diziam as faixas e os cartazes. Segundo os reclamantes aquilo era prova do comportamento hidrófobo da “elite branca”. Talvez fosse mais interessante se houvesse Black blocs quebrando concessionárias e bancos.

Poderia me estender ad infinitum sobre esses silogismos, mas acredito que já tenha ficado claro. O grande problema do ser humano – não importa de que partido seja – é achar que possui uma verdade maior do que os outros, é achar que tem acesso a alguma informação bombástica que os outros não conseguem compreender.

Nenhum ser humano é igual a outro. Todos temos interesses diferentes, preconceitos diferentes, medos diferentes. E é assim que são compostas as agremiações partidárias, com pessoas diferentes que possuem algum interesse em comum. O embate de ideias é saudável e, até, recomendado. Tenho a impressão que a democracia brasileira está amadurecendo – a passos lentos, é verdade – e isso é verificável na evolução do comportamento nas últimas manifestações. Tanto a do dia 13 quanto a do dia 15 foram pacíficas, sem quebra-quebra, sem bombas, sem agressões físicas.

Agressões verbais ainda existem, mas, como eu disse, estamos em processo evolutivo. Resta torcer para que continuemos melhorando, aprendendo, aumentando a tolerância, respeitando as diferenças – inclusive de pensamentos.

Antes de tudo isso, porém, precisamos entender que cada ser pensante possui o direito, assim como você e eu, de se manifestar defendendo seus credos e interesses. Mesmo que acreditemos que ele esteja errado.