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Jornalismo literário
Jornalismo literário – a descoberta da Revista Piauí
Meu primeiro contato com jornalismo literário feito no Brasil se deu por meio da Revista Piauí. Só depois fui conhecer os trabalhos publicados na Revista Brasileiros e na extinta, e consagrada, Revista Realidade.
O sonho de construir minha carreira como jornalista, somado a uma desilusão amorosa, fez com que eu abandonasse minha cidade, no interior da Bahia, e seguisse em direção à Meca Nordestina.
Por motivos diversos, acabei naquela situação.
Meu trabalho consistia em controlar entrada e saída de pessoas enquanto monitorava os pontos de acesso – 32 no total – por meio de câmeras instaladas em pontos estratégicos.
Com a carga horária de 56 h semanais, havia momentos em que era difícil manter a concentração. A solução que encontrei não era original, mas funcionava: invariavelmente eu levava uma revista, livro ou jornal para folhear e, esporadicamente, ler alguma coisa. Era importante manter esse hábito longe da monitoria ou dos moradores. Se eu fosse pego lendo em horário de serviço correria o risco de ficar desempregado. Como eu precisava pagar aluguel e outras despesas, não poderia me dar a esse luxo.
Era difícil convencer alguém de que ler fazia minha concentração aumentar. A verdade é que a leitura ajudava a me manter acordado, era isso que eu, na época, chamava de “melhora na atenção”.
Eu não era empregado do condomínio, na verdade, fui contratado por uma empresa terceirizada de portaria e limpeza. Essa empresa prestava serviço para diversos condomínios na cidade de Santos.
Como os funcionários não recebiam vale transporte, uma van (perua) passava nas imediações da residência de cada um dos empregados, em horário combinado, para levá-los até seus postos de trabalho.
Se, por algum motivo, não estivéssemos no ponto no horário combinado, a obrigação de custear a passagem de ônibus até o local de trabalho era nossa.
A van passava diariamente na rotatória da Vila Margarida, próximo à casa em que eu morava, às 5h da manhã e retornava às 21h. Vez por outra eu acabava perdendo a hora. Quando chegava à rotatória só me restava esperar o ônibus e bancar o custo da passagem.
Foi numa dessas que acabei me dando mal.
Na noite anterior ao incidente eu havia comprado um exemplar da Revista Piauí que trazia uma reportagem sobre o caseiro Francenildo. Não conhecia a publicação, mas como eu estava acompanhando tudo que saía sobre o mensalão, resolvi dar uma chance ao periódico. A intenção era a de começar a leitura no dia seguinte, no meu horário de trabalho.
Eu usava o alarme do celular como despertador. Por algum motivo, que não consigo me lembrar, não recarreguei o aparelho. No horário em quê deveria tocar a bateria já tinha arriado.
Acordei às seis horas da manhã. Levantei desesperado e saí correndo, mesmo sabendo que não encontraria mais a van. Quando cheguei à rotatória, o ônibus que eu deveria pegar já estava fechando as portas e seguindo viagem. Tentei correr atrás, acenando e gritando, na esperança que o motorista me visse e resolvesse parar. Meus óculos caíram do meu rosto bem à minha frente. Como vinha correndo, pisei em cima das duas lentes ao mesmo tempo. Restou apenas a armação toda torta.
Naquele dia cheguei ao trabalho atrasado e sem óculos. Como minha deficiência é de seis graus de astigmatismo, a dor de cabeça era insuportável. Naquele dia e nas duas semanas seguintes, enquanto meu novo par de óculos estava sendo preparado, não pude ler a Revista Piauí, comprada anteriormente e meu rendimento no trabalho foi bem inferior ao normal.
Eu usava o alarme do celular como despertador. Por algum motivo, que não consigo me lembrar, não recarreguei o aparelho. No horário em quê deveria tocar a bateria já tinha arriado.
Acordei às seis horas da manhã. Levantei desesperado e saí correndo, mesmo sabendo que não encontraria mais a van. Quando cheguei à rotatória, o ônibus que eu deveria pegar já estava fechando as portas e seguindo viagem. Tentei correr atrás, acenando e gritando, na esperança que o motorista me visse e resolvesse parar. Meus óculos caíram do meu rosto bem à minha frente. Como vinha correndo, pisei em cima das duas lentes ao mesmo tempo. Restou apenas a armação toda torta.
Naquele dia cheguei ao trabalho atrasado e sem óculos. Como minha deficiência é de seis graus de astigmatismo, a dor de cabeça era insuportável. Naquele dia e nas duas semanas seguintes, enquanto meu novo par de óculos estava sendo preparado, não pude ler a Revista Piauí, comprada anteriormente e meu rendimento no trabalho foi bem inferior ao normal.
Só iria descobrir que um maravilhoso jornalismo literário estava sendo feito em terras tupiniquins quando meus óculos ficaram prontos.
José Fagner Alves Santos
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