O jornalismo se tornou assessoria durante essa campanha

Muitos jornalistas deixaram de lado o senso crítico e serviram de assessores voluntários durante esse período de campanha. Tanto de um lado quanto do outro

 

Passada a campanha eleitoral os ânimos ainda estão acirrados. De um lado o grupo que está feliz por ter Dilma como presidente por mais 4 anos; do outro, a oposição que, não aceitando o resultado das eleições, parte para a agressão verbal.

É claro que estou sendo simplista. Sei que existem muitas pessoas que, tendo votado ou não na candidata vencedora, aceitam a decisão da maioria como fator determinante do processo democrático.
Mas, dentro desses dois grupos, existem os extremistas. Alguns atribuem a vitória de Dilma ao nível socioeconômico e educacional dos eleitores, outros dizem que Aécio só recebeu tantos votos (afinal, a disputa foi apertada), por conta da elite burguesa.

Acho que não é preciso esclarecer que ambos os argumentos são ridículos. Seres humanos são criaturas complexas.  Quando tomamos uma decisão, seja ela qual for, vários fatores influem em nosso posicionamento. Tanto um lado quanto o outro possuía argumentos válidos para escolherem seus candidatos.

Não quero dizer com isso que a maioria não possa errar. Na verdade, é até muito comum que erre. E é isso que fomenta nosso amadurecimento, é isso que faz com que continuemos o eterno processo de buscar o que é melhor, tendo como base as experiências anteriores.

O Brasil está mais maduro, politicamente falando, do que há vinte ou trinta anos. E eu quero acreditar que estaremos mais maduros nas próximas eleições. Sugerir que o País vá afundar porque esse ou aquele candidato venceu é muito infantil, para dizer o mínimo.

Tratar a política nacional com o mesmo tipo de comportamento que usamos na torcida futebolística não demonstra argumentação racional. No máximo, demonstra que nosso posicionamento foi passional, emotivo. 

Proibir ou tentar calar as investigações sobre irregularidades cometidas por este ou aquele candidato também não contribui em nada para o nosso processo democrático.

O pior é que eu vi esse comportamento partindo de jornalistas experientes. Sempre com uma tentativa boba de argumentação racional.

Está na hora de elaborar uma profunda reflexão sobre nosso comportamento. Talvez assim possamos colaborar com esse infinito processo de aperfeiçoamento.

José Fagner Alves Santos

Você também pode gostar

0 comentários