PEC do diploma não é a solução

Desde o dia 07 de abril, dia do jornalista, a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) tem tentado pressionar a Câmara dos Deputados para que aprovem a PEC 206/2012, conhecida como PEC do diploma, ela visa restituir a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão.


Recomendo que os interessados leiam os artigos publicados no site da Fenaj:

  • Vigília pela aprovação da PEC do Diploma continua (aqui)
  • Mais um dia positivo de pressão pela PEC do diploma em Brasília (aqui)
  • Presidente da Câmara diz que quer promulgar a PEC do Diploma (aqui)

Refleti sobre isso durante toda a semana. Sou comunicólogo formado, com habilitação em jornalismo. Em resumo, sou jornalista formado. Teoricamente, tenho todo interesse pela volta da obrigatoriedade do diploma; pela valorização dos profissionais com formação específica. Mas, e sempre tem um “mas”, meu pouquíssimo tempo de profissão me mostrou que a realidade é muito mais complexa do que esse pensamento dualista sugere.

Para começar, conheço vários profissionais excelentes sem a formação específica. Também conheço profissionais diplomados que são extremamente incompetentes.

Mas não é disso que trata a PEC do diploma, seu foco é garantir melhores oportunidades para aqueles que cursaram a faculdade de jornalismo. É um meio de tentar controlar a precarização dos empregos na área de comunicação.

Agora, pense um pouco: será que tornar o diploma obrigatório para o exercício da profissão resolveria os problemas da falta de emprego? E o problema das demissões em massa? E os jornais e revistas que estão fechando?

Pois é, nenhum desses problemas seria resolvido. Na verdade, não consigo compreender qual a utilidade prática disso. O jornalismo está em fase de transição. Não sabemos como custear boas reportagens em veículos digitais. Algumas iniciativas, como o crowdfunding, executadas pela Agência Pública (conheça clicando aqui), têm conseguido bons resultados, mas ainda não temos uma solução que funcione para todo e qualquer projeto. Tudo é muito incerto.

O jornalismo continua necessitando de profissionais capacitados. De preferência com boa bagagem, com valores éticos bem definidos e com entusiasmo para exercer sua função. A faculdade ajuda a desenvolver as capacidades técnicas, fomenta a reflexão social e filosófica, bem como a criação do network necessário. Mas o curso universitário não é o único caminho. O diploma não é garantia de capacitação. Focar energia no retorno da obrigatoriedade do diploma me parece uma grande perda de tempo, principalmente quando nos damos conta de que existem problemas bem mais sérios carecendo de solução.

Mas e você, o que pensa de tudo isso? Compartilhe comigo sua opinião. Deixe um comentário expondo seu ponto de vista. É sempre muito bom conhecer outros pontos de vista, afinal, é disso que é feito o jornalismo.

José Fagner Alves Santos



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