Livros para colorir e o efeito mimético

Entre as novas sensações do mercado editorial se encontram os livros para colorir voltados ao mundo adulto. Há muito tempo é possível comprar livros com imagens em branco e preto para serem preenchidas com lápis de cor. Vender esse tipo de conteúdo para consumo do público maior de 18 anos é uma verdadeira revolução.


Fiquei curioso sobre o assunto e fui pesquisar. Descobri que a moda veio da Europa. A editora Michael O’Mara, com sede na Inglaterra, vendeu 250 mil exemplares dos seus 19 títulos do gênero, isso só no Reino Unido. Sim, uma única editora tem 19 livros para colorir voltados ao público adulto. Por esse dado é possível calcular que o lucro tem sido considerável.

Segundo informações publicadas na Revista Época (veja aqui), o Jardim Secreto e similares estão vendendo mais que livros de culinária na França.

Ao que parece, os editores tiveram a ideia depois de receberem muitos elogios do mesmo tipo de produto feito para o público infantil. Como a maioria dos elogios vinham dos pais das crianças que consumiam esse tipo de publicação, os editores pensaram: por que não publicamos algo semelhante, mas voltado ao público adulto?

É claro que os desenhos precisavam ser mais complexos. A mente adulta precisava ser desafiada. Mas algumas questões ficaram em aberto: como convencer o público adulto? Como se tornar sucesso de vendas? Como fazer com que pessoas ocupadas, na correria das cidades grandes, tirem um tempo diário para colorir com lápis de cor, figuras previamente desenhadas?

Sinceramente, não sei as respostas. O investimento com marketing deve ter sido caprichado. De qualquer modo, fiquei pensando naquilo que Richard Dawkins chama de efeito mimético.

Em seu livro O Gene Egoísta, de 1976, Richard Dawkins cunha o termo para conceituar a capacidade que algumas ideias têm de se auto replicar, de se espalhar no meio social, semelhante aos genes. Daí vem o termo “meme”. Segundo Dawkins, nós temos a tendência a imitar o comportamento uns dos outros. Isso foi, até certo ponto, uma vantagem evolutiva. Alguns desses comportamentos imitados tendem a resistir ao tempo e se replicar por gerações.

Eu sei que ainda é cedo para isso. Os livros para colorir acabaram de sair do prelo. Tudo muito recente. Talvez não durem muito tempo, mas algo me diz que essa moda veio para ficar.



José Fagner Alves Santos


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